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1. |
poço
03:10
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Podia cair no fosso
Não fosse o que fosse
Podia cair no poço
Com água até ao pescoço
Mas tento manter a calma
Torço pela minha alma
Tento não me perder
Antes morrer do que enlouquecer
Não me venham com a história de que somos todos loucos
Desses conheço poucos
Estão perdidos e ocos
O problema está nas palavras
Ténues, sem intenção
Libertem-se dessas amarras
Ingénuas, sem coração
Acredito só que muitos temos
Vontade de nos perdermos
Com uma espécie de arnês
Que nos impede de ir de vez
Assim voltamos à costa
Beijamos a mãe na testa
Pensamos ter a resposta
Pensamos “a ver se é desta”
Mas surge sempre outra dúvida
Que me deixa sem ar
Que me faz suspirar
Sei lá quando vai parar
É viver e morrer,
Não quero abortar
Quero envelhecer
Quero ainda brotar
E o anseio de ir
É o receio de vir
Para o mesmo lugar
Sem novo para mostrar
Sem respostas para dar
A escolha não é minha
Isto nasce contigo
Se te safas és rainha
Isto cresce contigo
Da tua própria vida
Tu não queres ser vazia
Encontraste outra saída
Não queres ser apatia
E eu nem sei se existo
Mas sigo em frente e resisto
Faço por sair disto
Seguro o corpo e persisto
Pretendo ser alguém mas fico sempre aquém
Só faço o que convém
Jesus Cristo, amém
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2. |
esventrada pt1
02:04
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O ar pesado que cai sobre mim
Assenta-me bem, fica-me bem.
Deixa-me o rosto afilado, as maçãs do mesmo ficam levemente realçadas e o fosso abre-se, também, entre os dois maxilares, em ambos os lados.
O ar pesado que cai sobre mim deve cair, também, sobre a cidade. Cidade enquanto conjunto de pessoas que habitam um determinado espaço. Enquanto ambiente, cai com certeza. Eu caio com ele.
As certezas desintegram-se na queda e o voo, a pique, torna-se cada vez mais turbulento.
Passa a ser inevitável usar palavras como cinzento, nublado, pesado, a qual serviu de mote, tristonho, confuso, perdido...
E se eu não estiver no fim daquela viagem?
E se eu não estiver no cimo daquela montanha?
E se eu nunca estiver?
A última pergunta traz a resposta. Eu estou, estou toda aqui e agora. E se não for mais nada, já me bastei…
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3. |
esventrada pt2
02:37
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Carregava a culpa de ser tripa arrancada
De ser lágrima soada
Quando a minha mãe me fez
Quando me perdeu de vez
Essa culpa foi inventada
Para mascarar porquês
Para fingir que há justiça
Para poder ficar sentada
Para sucumbir à preguiça
Premissa errada
Dei-me para não pensar
Dei-me para dar também
Mas o meu corpo ainda não queria
Agora não sabe viver sem
E a minha alma não podia
Entregar-se daquela maneira
Fazer-te sentir inteira
Fui sugada, fui esventrada
Não imaginava o que me esperava quando vimos luz naquela entrada
A vida é mesmo assim, seguimos sempre sem acreditar no fim
Lembro-me de falar disso, à porta, no meio da estrada
Curioso como as entradas são símbolo da nossa história
Deixar-te entrar toda foi pra ti uma…
Que se fodam as rimas, se fizer mais uma, que ninguém me leve a sério, que eu sou incongruente e não sigo nenhum critério
Manhãs despreocupadas
A vermo-nos na essência
Ruínas amparadas
Invejadas, pela aparência
Afinal somos só mais umas
Não soubemos ser melhor
Acho que não acredito em nada do que digo
Rastejo, esperneio
Penso, repenso
“Não faças que é feio,
Escreve por extenso”
Fui esventrada por engano
Tudo agora me é humano
Não reconheço o culpado
A culpa é o pecado
Não quero dizer-te onde moro
O sítio onde agora choro
Se o meu ventre renasceu
O resto não te esqueceu
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4. |
entreparedes
02:53
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Sento-me de um lado
Estrategicamente pensado
Pra se por acaso passares
Possamos trocar uns olhares
E se por acaso ficares
Com raiva de mim, sem pensares
Não vês o meu estado?
Só quero passar um bom bocado
Não vês que estou a pairar?
Eu tento viver no presente
Percorro-a na busca incessante
De encontrar um instante que me faça voltar a vibrar por dentro
Quiçá mais um epicentro
Mas não a vejo nesse instante
Ela é transparente porque é só a ti que eu quero à minha frente
Não fumo e acendo um cigarro
Não sei o que me faz parecer
Ando à procura do teu carro
Hipoteticamente parado num beco qualquer
E se por acaso pensares
Que estou a fazer tudo errado
Não vês o meu estado?
Só quero passar um bom bocado
Já te disse que estou a pairar?
Para mim, estar aqui é pairar
Pés na terra não voam com o vento
Não me movimento, mas em pensamento deixo-me levar
Realidade inconstante, não sei aterrar
Mas se quiseres, eu vou-te buscar
Damos uma volta, eu deixo-te solta
Se a vida é fluida, voamos lado a lado
Nadamos lado
Não vês o meu estado?
Só quero passar um bom bocado
Que pena que nunca te tenhas sentido por mim agarrada
Sinto desde sempre que vales a pena
Sou tão complicada, tu és tão serena
Às vezes, trocamos, equilibramos
Anda lá, eu faço uma jangada
E trago-te logo que queiras ficar
Pro teu peito não se acostumar e achar que é comigo que deves ficar
É cedo pra ficar
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5. |
redoma
02:57
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Redoma soma mais,
Mais um dos meus ais
Estou na miséria, estou na miséria
Passei no teste sem saber a matéria.
Estou na miséria, estou na miséria
Os meus pais dizem que não sou séria.
Ouço falar, mas não estou a ouvir
Deixei de o fazer cedo demais
Tanto caminho ainda por vir
Às vezes, sinto que não quero mais
Não mais redoma,
Quero dançar, quero dançar para me redimir.
Simpatia cura, empatia é coisa rara
Até procuro, salto o muro, mas estou sempre à espera de cair.
Se por acaso, logo não caio, é mais à frente, quando me distraio.
Em todo o caso, se não caio agora, caio fora, para me prevenir.
Ai que miséria, eu sou tão séria
Quero parar para me divertir.
Esta letra é sobre ser redoma, enquanto corpo que sustenta as tormentas e enquanto ser exposto, na multidão, mas indiferente.
Se não trabalho, não faço um caralho
Se não tenho tempo, estou a perder tempo
Estou presa e sou (a) presa do meu próprio ser
Surpresa, esta presa não vai morrer
Redoma soma mais,
Mais um dos meus ais
Sou redoma, sou vitrine
É o ócio que me define.
Assisto e não passa disto.
Estou estagnada, por isso, esgotada.
Caio, magoada e não faço nada, não faço nada...
Quero falar, mas ninguém pra ouvir
Eu sei, porque leio os sinais
Tanto caminho ainda por vir,
Só imagino possíveis finais.
Luto com aquilo que ainda não sou, não faço por ser o que quero ser, mas faço tanto por parecer... faço tanto por aparecer…
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6. |
condição
02:17
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Há tantas coisas na vida que me deixam a pensar
Umas sobre mim, outras sobre este lugar
Sinto a falta de estar solta
E vejo a vida à minha volta
Mas estou envolta na revolta
Presa na minha própria escolta
Mantenho-me inconstante
Eu sou paradoxal
Finjo ser brilhante
Mas sou um animal
Tenho os ouvidos a sangrar
Isso bem parece
De tanto ouvir falar
Isso nem parece
Cresce e aparece
Esmorece e apodrece
Deixem-me ser só aquilo que me apetece
O ser humano queria
O ser humano quer
O ser humano cria
Dê por onde der
E o que eu também queria
Era poder viver
Puta, preta, branca, homem, fufa ou mulher
(Como a mulher que sou.
Será que sou?)
Não é uma opção
Aceita a condição
Por mim está tudo bem até que alguém morra no chão
Porque não conseguiu
Viver sem respirar
Porque alguém decidiu
Que neste mundo não tinha lugar
Tive a sorte de ser branca
O azar de ser mulher
A fortuna de ser pobre
E não me deixar corromper
Mas eu nem queria ser nada
Vim sem qualquer coordenada
Agora que estou não me vou
Agora a questão é se me vou
Há tantas coisas na vida que me deixam a pensar
Se mereço cá estar
Se mereço respirar
Isso nem parece
Isso bem parece
Cresce e aparece
Esmorece e apodrece
E o que eu também queria
Era poder viver
Puta, preta, branca, homem, fufa ou mulher
Já dizia a minha avó
Antes de morrer
O que custa não é viver
É saber viver
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